16 de jun. de 2015

A Influência da “música do mundo” na música da Igreja.

A coisa que ele mais curtia na igreja era o louvor, ele sempre quis fazer parte do grupo e poder cantar junto com a galera, ministrar seria algo especial na sua vida Cristã.

Algo do tipo: “eu estou sendo útil para Deus” ou “eu estou fazendo a obra de Deus”.

Ele sempre quis escolher letras que fizessem a igreja pensar na Cruz, letras que exaltassem o Amor de Deus pela humanidade e assim levasse todos em adoração. Sua boa vontade e alegria em trabalhar no departamento de música da igreja era notável. Até que um dia ele resolveu ir além de apenas fazer as notas no seu violão e cantar belas mensagens de louvor. Ele queria compor, queria fazer as suas próprias declarações de amor para o seu Deus. Cuidadoso como era, logo pensou em versículos e passagens bíblicas para fazer sua música criar corpo e ter um sentido verdadeiro. E tinha a certeza na sua cabeça dizendo “a igreja vai adorar a Deus com esta música”.

Empolgado, quando exibiu seu louvor mais sincero na igreja, ele se deparou com uma reação inesperada e o feedback que tivera não foi o tão sonhado. Poucos disseram que a letra era linda, outros deram apenas parabéns pela canção. E ele se perguntou: “Mas porque não foi a mesma coisa que nas demais canções já conhecidas do público?”
Depois de muito pensar e pesquisar a conclusão a que ele chegava não era de desilusão ou frustração com sua obra, mas de certeza que de alguma forma, ele sim, estava contribuindo para o Reino de Deus.
Bem, talvez se você compõe e está lendo este texto saberá muito bem do que vamos falar, agora se você não tem envolvimento com a criação de música talvez seja bom que pare por aqui e não leia o resto do texto, mas se for muito curioso eu aviso: Você não verá mais aquele louvor como via antes. Isso será bom para você? Espero que você seja maduro para lidar com isso. srsrsrsr

Aqui vão 7 pontos onde eu descrevo o que vivenciei no meu ministério e no ministério de alguns irmãos durante alguns anos a frente da igreja como ministro de louvor e músico.

1° – Obrigado ao Rock: Bem, independente de você gostar ou não gostar de Rock´n roll o legado deste estilo musical é gigantesco, pois não somente a distorção, mas também a objetividade das canções fizeram com que ele influenciasse muitos outros estilos musicais e hoje podemos ver presente em praticamente toda as canções que ouvimos. Alguns produtores nos anos 50 aumentaram ao máximo o som dos amplificadores para se obter essas distorções e alterações. E foi assim que Link Wray, guitarrista de Surf Rock/Rockabilly dos anos 50, fez para obter o som pesado e agressivo em Rumble de 1958, que serviu de influência para grandes músicos como Pete Townshend, Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jimmy Page e Dave Davies. E digo: É por isso também que você tanto gosta de Cassiane, Oficina G3, Thalles Roberto, André Valadão ou Hillsong.



2°- Fernandinho não é tudo isso: Cara, eu não consigo ouvir Fernandinho sem lembrar de Nirvana, Pearl Jam, Creed ou até mesmo os gaúchos do Reação em Cadeia. É fato que todos bebem da mesma fonte. Isso que eu citei apenas alguns deles. Abaixo estão alguns vídeos, peço que ouça apenas os primeiro 30 segundos e veja se você consegue encontrar alguma semelhança.



3° – Amar, Amor, Amei, Amando… : Hoje se você ligar uma rádio secular poderá ver que mais de 95% se não 100% das canções tem o amor como tema principal em suas letras. Eis o tema universal. Afinal quantos casais tem a sua canção de amor? Falar de amor é fácil e quanto mais genérico você for, melhor. Da mesma forma isso acontece na igreja, quantas vezes você ouve expressões como “Eu te adoro” Eu te Louvo” “eu me rendo” “eu me prosto” “eu me entrego” “eu te desejo” “tu é Digno” etc… Não me interprete mal, afinal estas são verdades imprescindíveis na vida dos Cristãos e todos devem praticar. A questão toda é que não existe artista que não cante isso, é algo do tipo: “fale isso que todos gostam de ouvir”. E quando você se depara com canções de 20 minutos onde a letra é feita por três frases usando as palavras que descrevi, a pergunta que faço é: Não podemos dizer isso tudo de forma mais criativa? Bandas como Resgate, Palavrantiga e João Alexandre, Os Arrais, conseguem pensar “fora da caixa” e deixam suas letras mais ricas e criativas passando de forma diferente a mesma mensagem que todos já conhecem.

4° – U2 na igreja: Guitarras com delay são uma tendência que não sairá tão cedo das igrejas. Enquanto The Edge inovava com sua guitarra cheia de efeitos no início dos anos noventa possivelmente ele não pensava que seu estilo inconfundível e que consagrou o U2 como a maior banda pop do mundo atravessaria décadas e chegaria com força dentro das igrejas para arrebatar nossos guitarristas. U2 não influenciou apenas bandas como Hillsong e Jesus Culture, ColdPlay mesmo viu o U2 como meta a ser alcançada. Alguns hoje diriam que eles até mesmo já ultrapassaram em popularidade, mas famosos como Diante do Trono , Nívea Soares e Aline Barros deveriam saber que seus guitarristas na verdade não copiam o consagrado som do United, mas sim do U2. Ouça os
sons e note a semelhança nas guitarras.



5° – Eeeuuuu tee adoooooorooo (e muito eco): Hillsong em especial o United são grupos que compõem canções de forma muito fácil e maravilhosa, até aí tudo bem, mas muitas canções que o Hillsong faz são traduzidas para a língua portuguesa, isso é feito desde muito antes de eu e você termos nascido, é sério! Mas até aí não tem problema, eu quero chamar a atenção aos refrões melodiosos e grudentos que eles tem facilidade de fazer e em quase todas as canções a melodia vocal é estendida. Mas isso influenciou toda uma geração de hillsong boys e Hillsong girls … e eles compõe, e eles repetem a fórmula de “adoração congregacional” no melhor estilo hillsong, por isso se formos parar para ouvir algumas canções são muito parecidas com hillsong e hoje quando surge uma canção nova a gente nunca sabe se é uma versão em português do hillsong ou uma meia versão hillsong com letra original e instrumental com tal referência. De fato que hillsong está ali em algum lugar heheheehhe

6° – E não é que a Harpa Cristã não era tudo aquilo que eles diziam:  Por muito tempo crescemos ouvindo que os hinos da harpa Cristã são totalmente inspirados pelo Espírito Santo, algo do tipo: o suprassumo do louvor. Mas quando vemos hinos como o 196 da Harpa com um grave equivoco teológico, você no mínimo para para rever seus conceitos.
“Mui zeloso pela lei foi Saulo, Perseguia o povo de Deus, Mas transformado foi em um Paulo,
Pois achou ele a Rosa dos Céus”
bem sabemos que a diferença de Saulo para Paulo é apenas uma questão de tradução, pois um era a versão Judaica e a outra Romana. Mas como se não bastasse o equívoco na mensagem também nos deparamos com plágios de canções nada sagradas mas sim de fama bem profana. Um exemplo disso é o famoso Hino “O Exilado” 36 da Harpa Cristã que tem em sua bela melodia a cópia de uma canção que era entoada nos cabarés (saloons) de Nova Orleans, mas que um dia alguém se dispôs a adicionar uma linda letra, passando assim a ser um dos mais belos hinos do nosso hinário. Abaixo você pode ouvir as versões originais das canções:

 36 da harpa
205 da harpa

7° – A mensagem é tudo: Nada impede de ouvirmos canções seculares, afinal existem muitas músicas que falam muito mais aos nossos corações do que as chamadas “gospel”. Quando lembramos que na bíblia não existe relato de notação musical, mas sim de apenas letras inspiradas por Deus (Salmos por exemplo), vemos que falar algo e passar uma mensagem sempre foi o foco na genuína música Cristã. Alguns teólogos dizem que para afinar as harpas Davi e os levitas usavam o solfejo de crianças, homens e mulheres para obter melhor afinação em diferentes tons. Mas o fato é que para o crente, ele preferir ouvir uma canção de louvor e adoração a Deus à uma canção secular, é apenas uma questão de prioridades. Hoje mais do que nunca vivemos em um mundo globalizado onde até mesmo no gospel não temos um estilo definido de som e assim navegamos no rock, samba, mpb, axé, funk, rap etc… Isso de certa forma dividiu o povo e segmentou o gospel, mas a letra, mensagem da canção sempre se sobressaiu ao estilo, pois é uma canção que fala de Deus ou Jesus que leva o rótulo Gospel.

 
Bem, o nosso músico do início da história aprendeu que hoje em dia você não pode mais fazer arte e ser considerado um artista genuíno. E foi lendo Eclesiastes 1:9 que ele percebeu que não poderia inovar com sua arte, pois causaria estranheza por parte da igreja e que mais fácil seria fazer na música o mais do mesmo e procurar ser fiel à mensagem da Cruz.

“O que foi voltará a ser, o que aconteceu, ocorrerá de novo, o que foi feito se fará outra vez; não existe nada de novo debaixo do sol.”

Nossos ouvidos estão acostumados a música contemporânea americana, isso faz com que sejamos mais tendenciosos aos louvores com gêneros Pop Rock do que um chorinho por exemplo. Mas independente do seu gosto musical devemos ter em mente que não existe outra razão real de canto se não o nosso Deus que está vivo e trabalha por nós. Independente das influências que tenhamos na música, que sejamos capazes acima de tudo de fazer canções cristocêntricas e que falem ao coração da igreja com uma mensagem que ela precise ouvir e não que ela queira ouvir.

Ah, sim… quanto ao título desta postagem, sim, eu sei, é uma droga, mas acho que chama muito atenção e por isso me submeti hehehehehe

Deus abençoe a todos!

Augusto Marques

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