Parado em minha frente ele abre suas portas, como se me oferecesse
uma oportunidade.
Sim, eu escolhi estar ali naquela estação de trem, e não
faria sentido deixar ele ir sem mim.
Muitos saem antes de eu entrar, outros entram comigo.
Dos que saem não terei companhia, já os que ficam, dividem a
sua espera comigo.
No trem não tinha lugar para sentar.
Ainda que existissem pessoas sentadas no chão.
Pouco se via das paredes, pois muitos estavam escorados
nela.
Eu segurei firmemente, pois não quero cair nas curvas.
Como sempre faço, costumo correr os olhos para ver se
conheço alguém ali.
Com isso inevitavelmente contemplo as pessoas que
compartilham da mesma viagem.
Alguns ouvem música no trajeto, outros leem, tem aqueles que
contemplam a paisagem da cidade que de um lado é cinza, e do outro lado é
verde.
A mulher segura o bebê, o homem encontra tempo para dormir e
descansar.
O vendedor faz a sua oferta e o velho aguarda alguém liberar
um lugar.
O trem. Ele me lembrou a vida.
Quando alguns saem outros ficam mais tempo.
Todos indo em um mesmo caminho, mas com destinos diferente.
Romanos 2. 1-16
Augusto Marques
