27 de mai. de 2012

Quem tem olhos leia, o que este pastor diz as igrejas.


"A canção “Ressuscita-me” tem sido bastante entoada pelos evangélicos. Sua melodia é bonita e envolvente — admito —, mas a sua letra está de acordo com as Escrituras? Tenho recebido vários pedidos por e-mail para analisá-la. E resolvi atender a essas solicitações.

Adianto que esta abordagem respeita a licença poética, mas prioriza a Palavra de Deus (1 Co 4.6; At 17.10,11; Gl 1.6-8). Afinal, como crentes espirituais, devemos discernir bem tudo (canções, pregações, profecias, milagres, manifestações, etc.), a fim de retermos somente o que é bom (1 Co 2.15; 1 Ts 5.21).


“Mestre, eu preciso de um milagre. Transforma minha vida, meu estado. Faz tempo que eu não vejo a luz do dia. Estão tentando sepultar minha alegria, tentando ver meus sonhos cancelados”. Não vejo problemas no início da composição em análise, visto que todos nós, mesmo salvos, passamos por momentos difíceis em que nos sentimos perseguidos, isolados, como que presos em um lugar escuro, sufocante, “no vale da sombra da morte” (Sl 23.4). Nessas circunstâncias, é evidente que ansiamos por um grande milagre.


“Lázaro ouviu a sua voz, quando aquela pedra removeu. Depois de quatro dias ele reviveu”. Aqui, como se vê, a construção frasal não ficou boa. Quem removeu a pedra? Com base na licença poética, prefiro acreditar que o compositor referiu-se aos homens que removeram a pedra, naquela ocasião (Jo 11.39-41), haja vista Lázaro, morto e amarrado, não ter a mínima condição de fazer isso — segundo os historiadores, aquela pedra pesava cerca de quatro toneladas.


A oração cantada prossegue: “Mestre, não há outro que possa fazer aquilo que só o teu nome tem todo poder. Eu preciso tanto de um milagre”. Algum problema, aqui? Não.


“Remove a minha pedra, me chama pelo nome”. Os problemas começam aqui. Se o compositor tomou a ressurreição de Lázaro como exemplo, deveria ter sido fiel à narrativa bíblica. É claro que Deus remove pedras grandes, como ocorreu na ressurreição do Senhor Jesus (Mc 16.1-4). Mas, no caso de Lázaro, quem tirou a pedra foram os homens, e não Deus (Jo 11.41)!

Aprendemos lições diferentes com as circunstâncias que envolveram as aludidas ressurreições. Fazendo uma aplicação espiritual, há algumas pedras que Deus remove (como na ressurreição de Jesus), mas há outras que o ser humano deve revolver (como na ressurreição de Lázaro). Em outras palavras, Deus faz a parte dEle, e nós devemos fazer a nossa (
Tg 4.8; 2 Cr 7.13,14).

“Muda a minha história. Ressuscita os meus sonhos. Transforma a minha vida, me faz um milagre, me toca nessa hora, me chama para fora”. Clichês comerciais e antropocêntricos não podem faltar em gospel hits: “muda a minha história”, “sonhos”, etc. Como já falei muito sobre esse desvio em meu livro Erros que os Adoradores Devem Evitar, evitarei ser ainda mais “antipático”. Mas é importante que os compositores cristãos aprendam que os hinos devem ser prioritariamente cristocêntricos.


“Ressuscita-me”. Aqui vejo a principal incongruência do cântico, a qual não pode ser creditada à licença poética. Pedir a Deus: “ressuscita os meus sonhos”, no sentido de que eu me lembre das suas promessas e volte a “sonhar”, a ter esperança, a aspirar por dias melhores, etc. — a despeito do que afirmei sobre o antropocentrismo —, até que é aceitável. Mas não posso concordar com a súplica: “Ressuscita-me”. Por quê? Porque o salvo em Cristo já ressuscitou, espiritualmente, e não precisa ressuscitar de novo!


Quer dizer, então, que a aplicação feita pelo compositor é contraditória? Sim, pois, em Colossenses 3.1, está escrito: “se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus”. O que é o novo nascimento? Implica morte para o pecado (Cl 3.3) e ressurreição para uma nova vida (Rm 6.4). Essa analogia da nossa preciosa salvação — pela qual temos a certeza de que estamos mortos para o pecado e já ressuscitamos para o nosso Deus — não pode ser posta em dúvida para atender a anseios antropocêntricos. Por isso, a oração “Ressuscita-me” se torna, no mínimo, despropositada.


Alguém poderá argumentar: “Ora, a Bíblia não diz, em 1 Coríntios 15, que vamos ressuscitar? Por que seria errado pedir isso para Deus?” Bem, o sentido da ressurreição, no aludido texto paulino, é completamente diferente do mencionado na composição em apreço. Paulo referiu-se à ressurreição literal daqueles que morrerem salvos, em Cristo (vv.51-55; 1 Ts 4.16,17). Hoje, em vida, não esperamos ser ressuscitados, pois já nos consideramos “como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.11).


Amém?

7 de mai. de 2012

Uma vez amigos, sempre amigos!


Amigos não tem hora para chegar,
Amigos não tem jeito de se falar,
Amigos se falam e falam tudo,
Amigo se xinga, se ri de tudo...
Amigo sempre lembra de você.
Por mais distante que se possa estar
uma lembrança sempre vem de dentro
e nada fica mais perto que o coração.
Amigo divide os sonhos com você,
Amigos creem nas promessas como você.
Amigo divide riquezas e pobrezas,
Alegrias e tristezas.
O amigo joga bola de pé descalços no campo
e comemora quando você é quem faz o gol.
Ainda mais com um passe dele. 
Amigos que tocam guitarra, amigo que tocou baixo.
Amigo que tocou flauta. Bem, juntos todos tocavam "flauta".
Porque amigo a gente ama mesmo sem entender o porquê!
Amigo a gente ama como irmão mesmo sem terem vindo da mesma mãe.
Amigo é parte da família,
e esses da maior família do mundo,
a família de um Pai só. 

A família de Deus.

Saudades dos meu amigos/irmãos.


Augusto Marques

5 de mai. de 2012

INTERPRETANDO O MOVIMENTO GOSPEL: a vida continua.


Uma plataforma para a nova geração subir e fazer a história acontecer! É o que construiu o movimento gospel; deixando um legado a ser considerado pelos novos artistas cristãos.Algumas respostas possíveis são provocadas por sua força: Primeiro: negação. Alguns artistas insistem em negar a existência do movimento gospel (uma imbecilidade). Segundo: adesão. Desconsiderando os sinais para um novo rumo ou assumindo um ofício para repetição ou renovação, alguns entram na onda gospel pois convivem bem com a ambígua figura eclesiástica-artística, evangelística-teatral (uma eterna tensão e mistura das “montanhas”: religião justificando artes e entretenimento) . Terceiro: crítica psicótica. A doentia opinião que vê o movimento gospel como uma grande conspiração religiosa, marqueteira e catequética de grande mal gosto (uma generalização que não corresponde a realidade, por isso o adjetivo “psicótico”) Quarto: interpretação histórica. É plausível considerar o movimento gospel como fenômeno preparatório para o que se constrói hoje em dia: uma música brasileira de raízes cristãs.

Digo que ele prepara para o que é feito hoje em dia – tempo de simultaneidades – por alguns motivos. Um deles: o artista está cada vez mais independente do pároco, o que não quer dizer separado, mas a figura do cantor vive de rendas provenientes de estruturas artísticas, ou melhor, de engrenagens estabelecidas pelas regras do entretenimento. Precisamos dizer que antes do movimento gospel não era assim; ou o músico “vendia a alma ao diabo” cantando qualquer coisa em barzinho ou vivia rodando igrejas recebendo ofertas. Cantores cristãos do seguimento religioso, sobrevivem da bilheteria de shows, de festas religiosas organizadas por igrejas e prefeituras, da venda dos discos e não mais precisam restringir suas apresentações às famosas “oportunidades” dentro da liturgia de culto. Sendo assim, é correto prever que ao ganhar independência financeira os artistas religiosos, antes amparados pela renda da igreja local, ganhem também mobilidade.Separando melhor o show do culto, o palco do púlpito, a tensão arte/religiãocontinua apenas no nível das ideias, ou no plano da justificativa: pois o movimento gospel continuará a defender sua arte como objeto didático-evangelístico, embora na prática grande parte do seu repertorio já é para entretenimento. Embora legalmente, o novo texto da Rouanet considere a música gospel como manifestação cultural liberada para receber investimentos de empresários, desde que seja promovida por entidades profissionais do ramo artístico. Embora alguns continuem a negar tudo isso, embora… ah!
O Gospel é um movimento que influenciou definitivamente a trilha sonora da renovação carismática, unido – ao menos esteticamente – os dois ramos principais do cristianismo brasileiro: católicos e protestantes. A canção religiosa evangélica, a centenária música sacra, sofreu imensa transformação nesses últimos 40 anos descartando temáticas tão caras a ortodoxia cristã, mas amplificando outros que permanecem tanto para artistas bem sucedidos no processo quanto para aqueles que resolveram se abster do movimento, criando outro mais restrito às igrejas históricas e círculos avessos ao barulhão da mídia. Enfim, ninguém que é crente e artista pode ignorar as transformações desse fenômeno que misturou música, religião, templo, teatro e mercado.

Mas, há um passo importante a ser dado pela nova geração: assumir completamente sua vocação artística sem mais desculpas. Pois tanto o gospel quanto os críticos dele, andam desculpando sua arte. Quem pode dizer: sou artista e ponto? A nova geração. Essa mesma que reconhece a herança do movimento e se coloca como pós-movimento, inseridos completamente no universo das artes afim de cultivar um renascimento cultural tecido na Esperança – missionais sim, panfletários não. Quem pode interpretar a hinódia cristã anterior a marca gospel? Quem pode olhar para o movimento a partir de outra perspectiva? A nova geração que foi encontrada pelo Deus da história e anda fazendo arte na liberdade que existe Naquele que nos libertou para apenas ser.
Deixa estar.